No decorrer do processo de envelhecimento normal, uma pessoa idosa passa por estabilidades e mudanças, que às vezes estão relacionadas a fatores sociais como: o processo de aposentadoria, a saída dos filhos de casa e a perda do ninho vazio, perdas entre os próximos, a dinâmica dos compromissos que já não é mais a mesma e etc. Essas situações resultam, muitas vezes, na solidão na velhice e na falta de propósito de vida.
Sabemos que as relações sociais englobam diversidades e como redes de apoio e suporte social entre os pertencentes a auxiliam a nos tornarmos mais fortes e resilientes em momentos de adversidades. Principalmente, em eventos chamados estressores, ou seja, que buscam mais força e enfrentamento dos nossos aspectos emocionais.
É também por meio das relações sociais que podem prevenir doenças relacionadas à saúde mental, como depressão, ansiedade, estresse e medos. Ao interagirmos com o outro, nos motivamos a ter projetos de vida, a nos vestirmos, nos arrumarmos e adquirirmos o senso de pertencimento.
As relações sociais têm um papel fundamental em nossa vida e antes-se por: círculos de amigos, membros da família, membros da comunidade, profissionais das instituições que frequentamos; entre outros. É uma forma para estarmos bem e nos mantermos no processo de envelhecimento saudável.
Há mais de 20 anos, Laura Carstensen, pesquisadora e estudiosa das relações sociais e emocionais no envelhecimento, observou em seus diversos estudos que as relações sociais eram diferentes após os 60 anos. Laura criou uma teoria que contém o nome de Teoria da Seletividade Socioemocional.
Nesta teoria, a pesquisadora destaca que há uma redução na amplitude da rede de relações sociais e da participação social na velhice. Porém, esses fatores não refletem prioritariamente em perdas físicas / sociais e psicológicas / naturais e esperadas, mas na redistribuição de recursos socioemocionais. Por outro lado, na juventude, as pessoas tendem a cultivar encaminhamento social mais numerosos. Nessa fase da vida, os jovens promovem a exploração do mundo, o aumento da informação e a afirmação de status e da identidade.
Na velhice, as metas de busca de informação são substituídas por parâmetros de emoção. Ou seja, a redução nos contatos sociais, uma seleção ativa, na qual as relações sociais emocionalmente próximas são mantidas porque têm maior chance de oferecer conforto emocional. Assim, os idosos tendem a reorganizar suas metas e relações sociais, a priorizar realizações de curto prazo e dar preferência nas relações sociais mais importantes, descartando o que for mais irrelevante a esses critérios.
A interação social citada por Carstensen tem como foco alguns objetivos: ser uma fonte de informação; auxiliar as pessoas a se desenvolverem e manterem o autoconhecimento; ser uma fonte de prazer, de conforto ou de bem-estar. Em cada etapa do desenvolvimento humano, existem mudanças na mudança, tamanho e composição das buscas sociais e emocionais, que podem predominar cada vez mais na meia-idade em diante. Sendo assim, a correlação com a Teoria da Seletividade Socioemocional é de que, à medida que as pessoas envelhecem, elas investem o tempo e a energia em manter afastado mais íntimos.
Em resumo, destaca-se a importância dos benefícios sociais no envelhecimento para o fortalecimento das nossas emoções. Desta forma, é de importância fundamental que as pessoas mais velhas mantenham a satisfação na vida em face do estresse, traumas, perdas e demandas que podem ser agentes crônicos na vida dessa população.
Pessoas socialmente tendem a ser solitárias, e em consequência, pode acelerar o passar por prejuízos físicos e cognitivos, ocasionando fatores de risco para demências e mortalidade. Deste modo, reforçamos os processos sólidos e consistentes, pois as relações sociais fortalecidas auxiliam no estado de saúde, sendo importante para uma melhor qualidade de vida e para a promoção da longevidade de cada um de nós.
Referência Bibliográfica
Carstensen, Laura L. “Motivaçäo para contato social ao longo do curso de vida: uma teoria de seletividade socioemocional.” Psicologia do envelhecimento: temas selecionados na perspectiva de curso de vida. 1995. 111-144.
Neri, Anita Liberalesso. “O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento.” Temas em psicologia 14.1 (2006): 17-34.
Texto Escrito Por:
Cássia Elisa Rossetto Verga, Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo. Estagiária da pesquisa de Treino cognitivo de Longa Duração, Universidade de São Paulo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS) , pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista do site do Método SUPERA.